quarta-feira, 24 de março de 2010

Sobre tamanduás voadores...

A verdade é um rugido. Mas a verdade verdadeira não existe. Só é verdade aquilo que se vê, porque só o que se vê pode se provar. Eu só consigo provar que um lápis existe porque eu o vejo.
Isto é uma mentira. Ouviram? UMA MENTIRA! Se vocês acreditarem nisso, estarão jogando Aristóteles pela janela!


Nem sempre as pessoas dizem o que pensam, ou o que julgam como sendo verdadeiro. Mas, se elas dizem aquilo que elas VÊEM, apesar de não julgarem aquilo verdadeiro, o que o torna falso?

Você pode enxergar um tamanduá voador. Ele poderia ter asas pequenininhas de borboleta. Asinhas azuis. Mas, o que torna verdadeira ou falsa sua visão? É a lógica.

Um tamanduá voador não é lógico neste planeta. Ainda mais com asas azuis de borboleta. É patético pensar nisso – apesar de engraçado – e seriamente perigoso VER isso. Eu diria que, se alguém enxergasse um bicho assim, deveria ser internado num manicômio (a não ser que esteja sob efeito de uma droga pesadíssima).
Mas o que torna algo lógico ou não? Como definir a lógica de algo?
A lógica é um processo do pensamento. Um processo entediante do pensamento. Tão criativo quanto purê de batatas. Mas, ainda assim, ninguém joga um purê de batatas no lixo.

Se eu vejo um mundo infernalmente maldoso, catastrofista e doentio, o que há de ilógico nisso? Eu mesmo posso não acreditar no que vejo, porque desconfio da minha visão. Mas, se ninguém é capaz de provar que não há lógica no que eu vejo... então, certamente, o que eu vejo é verdadeiro! Não importa o que cremos. O que importa é o que conseguimos assimilar logicamente.

Se ninguém for capaz de te provar que tamanduás não voam com asas de borboletinha; se não forem capazes de demonstrar a falta de lógica nesse pensamento; então ele estará cada vez mais próximo de assumir um caráter lógico.

Mas isso não tem nada a ver com tamanduás. Isso tem a ver com crenças e visões. Se você acredita num mundo melhor, deve provar que ele pode existir. Se você não acredita, deve provar que ele não pode existir.

Se você enxerga algo que não quer ver... deve provar que ele é falso.

Isso é o que a maioria não consegue entender, e é aqui que está o pulo-do-gato!

Não bastam os discursos românticos, apaixonados e belos. PROVEM QUE ELES SÃO LÓGICOS, ORA!

Até mesmo na loucura do caos há uma lógica.

Ninguém sabe o que eu penso. Somente o que eu vejo.
E, por mais que eu queira acreditar que esteja tudo errado.
Ninguém é capaz de provar o contrário.
Assim, essa falácia formal, a cada dia caminha na direção de se tornar uma verdade.

Afinal, só a verdade é incontestável.
E, portanto, só os sonhos desmoronam.


Boa noite.

5 comentários:

Nietzsche disse...

Um belo dia, dormi num mundo belo.
Uma bela manhã, acordei num mundo povoado por bestas-feras.
Me apresentei a uma delas e disse: "Prazer, meu nome é Prometeu."

O monstro me olhou com seus dois olhos. Pareceu investigar se havia algo em meus bolsos. Respondeu o seguinte:
"Eu sou você quando acordar. De novo. Porque você está dormindo. E quando voltar verá.. que o que era beleza, na verdade, era sangue. E o que era você era, na verdade, eu."
Eu acordei de novo e estava de volta ao meu mundinho de mentira. Ateei fogo na cama e cuspi no travesseiro.

Ah, como eu queria não ter trazido-lhes a chama inicial!

Lao Tsé disse...

"Trinta raios convergem para o meio de uma roda
Mas é o buraco em que vai entrar o eixo que a torna útil.
Molda-se o barro para fazer um vaso;
É o espaço dentro dele que o torna útil.
Fazem-se portas e janelas para um quarto;
São os buracos que o tornam útil.

Assim, da existencia vem o valor
E da nao existencia, a finalidade."

Isso parece lógico?

Lu Tortorella disse...

Não se esforce para decifrar o lógico. O mundo é um mistério. Isso que você está olhando não é tudo o que existe, e sim tudo o que é conhecido.

D+ Dilma disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
D+ Dilma disse...

E tudo o que eu vejo ou consigo imaginar não é tudo o que existe para mim? Para o mundo não há limites. Para as pessoas não há limites. Para os indivíduos há limites. Os limites que existem para os indivíduos são aqueles que ele pode enxergar ou aqueles que o obrigam a enxergar.