quinta-feira, 29 de abril de 2010

O deserto e o oásis

Mote por Friederich Nietzsche:

"Sim, eu já sei de onde venho.
Tudo o que tocam minhas mãos se torna luz.
Tudo o que eu abandono não é mais do que carvão.
Certamente sou chama."



Àqueles que crêem em um mundo colorido: sua realidade é a ilusão dos inocentes. Conservai-vos, entretanto, mergulhados nesta confortável miragem. Não há nada de errado em se viver a mentira, contanto que ela seja mais agradável que a verdade. Quem poderá culpar-vos por preferirdes as cores amáveis do oásis fictício às areias cinzentas do deserto árido que é a realidade?
Somente é capaz de sobreviver a este inferno monocromático aquele que também é capaz de criar, por si só, sua brancura ou seu negrume porque, do contrário, o esmaecimento acinzentador o corromperia e fadaria seus olhos às pesadas sombras das olheiras cadavéricas. Estaria destituído da vida antes de um último suspiro.
Posto isso, já sei de onde venho, uma vez que sobrevivo e, fatalmente, não sou inocente ou romântico como desejaria. Crê: tudo o que tocam minhas mãos se torna luz e tudo o que abandono não é mais que carvão.
Certamente, portanto eu sou chama. Um fogo fátuo que pulsa e flutua, suspenso no deserto mortificante.

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