sexta-feira, 19 de março de 2010

Eu sou Autêntico?

[...]
Pensarmos sobre o quao autênticos realmente somos é uma reflexao árdua. Porque o senso de autenticidade é algo que buscamos o tempo todo - nao é estático. É ele, afinal, que nos guia em nossa carreira, em nossos relacionamentos, em nossa convivência social. É o propulsor que nos faz entender o que realmente queremos e correr atrás daquilo. O conceito de autenticidade está relacionado a diversos fatores, mas talvez o mais fundamental deles seja o autorreconhecimento: conhecer e acreditar em nossas próprias motivaçoes, emoçoes, preferências e habilidades. "Ele começa na infância, quando somos capazes de nos ver como seres independentes, com vontades próprias, ainda que nao tenhamos a plena consciência disso", afirma o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos. Na adolescência, buscamos tribos, roupas e rótulos nos quais possamos nos encaixar como uma forma de percebemos o que somos (ou nao!) - quem aí nunca foi um roqueiro invertebrado ou frequentou uma turma bem estranha nos tempos de colégio? Conforme nos tornamos adultos, criamos compromissos com a carreia, a comunidade, a fé e a família em busca da nossa autoimagem. (E entramos, as vezes, em crises existenciais ao procurar ela.)
A autencidade está em reconhecer desde qual comida você quer colocar no prato até a maneira como está se sentindo agora, enquanto lê esse texto. Ela exige um exercício contínuo de consciência. Você precisa refletir na hora de escolher entre os 200 canais na TV a cabo, que tipo de café vai solicitar na padaria, de que forma vai expor a sua esposa que está chateado com ela sem ofendê-la.
Ser autêntico pode ser exaustivo, dá trabalho. Mas no fundo é nossa capacidade de sermos originais que permite avaliar nossas forças e - pricipalmente - nossas fraquezas diante do nosso dia a dia. Por isso a autenticidade está ligada a nossas atitudes.
Ela requer que possamos agir com congruência com nossos próprios valores e vontades, mesmo sob risco de rejeiçao. Isso é essencial para nossos relacionamentos mais próximos, uma vez que a intimidade nao pode ser desenvolvida sem abertura e honestidade. " A autenticidade é um imporviso. Exige trabalho e respostas que nao sejam prontas, uma interlocuçao que supere as formalidades. É a intimidade da criaçao a todo instante, e por isso exige tempo a perder", reflete o poeta Carpinejar. Como no exemplo da Graça (personagem literária, citada no ínicio da matéria), é quase impossível viver feliz em um relacionamento em que nao se pode - ou nao se quer - ser o que se é. Viver como o outro é mais fácil, claro, mas muito mais apriosionante.
[...]
Recuse imitaçoes
Vida Simples, Revista.

Nenhum comentário: